Deus em Cristo e o Chamado à Reconciliação
“Mas todas estas coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”
Nelson Viegas
8/3/20253 min read
Em 2 Coríntios 5:18–19, o apóstolo Paulo apresenta uma das declarações mais poderosas sobre o plano redentor de Deus:
“Mas todas estas coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”
Deus, em Sua soberania, escolheu agir no mundo por meio de Cristo, reconciliando uma humanidade separada e hostil. A reconciliação não parte do homem para Deus, mas de Deus para o homem. Foi o próprio Deus que tomou a iniciativa de restaurar o relacionamento quebrado. Essa reconciliação não foi apenas um ato histórico ocorrido na cruz, mas continua a operar na vida dos que foram alcançados por essa graça.
Cristo tornou-se o lugar de encontro entre o céu e a terra. Nele, a justiça de Deus e o amor de Deus se encontraram. E agora, por meio d’Ele, fomos chamados a participar desse movimento contínuo de reconciliação. Deus confiou a cada crente o ministério de anunciar, viver e refletir essa mensagem.
Intimidade e Ministério: A Reconciliação que Transborda
Antes de exercer qualquer ministério visível, o cristão é chamado a uma realidade invisível: a comunhão com Deus. O ministério da reconciliação não se constrói sobre performance, mas sobre presença. É no lugar secreto que a reconciliação se torna viva, constante e transformadora.
A reconciliação não é apenas um status jurídico; é uma relação contínua. E essa relação requer tempo, escuta, silêncio, submissão. No lugar secreto, o crente reencontra a sua posição em Cristo e é relembrado de que nada pode separá-lo do amor do Pai. O coração, tantas vezes dividido, cansado ou distraído, é novamente alinhado com o trono da graça.
É neste lugar que o caráter é moldado, o ego é quebrado e a missão é reacesa. O ministro da reconciliação não é apenas alguém que fala de Cristo — é alguém que vive reconciliado com Deus, diariamente, no esconderijo da Sua presença. Ele não opera a partir da ansiedade da urgência, mas da serenidade da intimidade.
O Lugar Secreto como Fundamento do Ministério
A intimidade com Deus não é acessório na vida cristã — é alicerce. Nenhuma reconciliação verdadeira pode ser anunciada por alguém que vive desconectado da fonte. O lugar secreto não é um retiro ocasional; é o lugar onde o crente é nutrido, restaurado e preparado.
A reconciliação que Deus operou em Cristo é tão profunda que não nos torna apenas beneficiários, mas também embaixadores. Mas só representa bem o Reino quem vive em comunhão com o Rei. O lugar secreto não é o fim da jornada, mas o seu ponto de partida.
Quando o crente compreende que o ministério começa no quarto fechado, longe das multidões, a reconciliação deixa de ser apenas uma doutrina e passa a ser um estilo de vida. A presença de Deus vivida no secreto transforma a maneira como se prega, serve, perdoa e ama.
Uma Vida que Testemunha
Ser ministro da reconciliação é carregar no corpo e na alma o testemunho vivo da graça. É ser coerente entre o que se prega e o que se vive. O lugar secreto sustenta essa coerência. Ali, sem plateia, o caráter é confrontado. Ali, sem microfone, a Palavra encontra espaço para formar. Ali, sem aplausos, a obediência é provada.
Deus, que reconciliou o mundo consigo mesmo, continua a chamar homens e mulheres para viverem essa reconciliação de forma visível. Mas o caminho permanece o mesmo: intimidade antes de influência. Presença antes de desempenho. Lugar secreto antes do ministério público.
Conclusão
A reconciliação é o coração do evangelho. E o lugar secreto é o coração do reconciliado.
Por isso, quem deseja anunciar a reconciliação com autoridade e verdade, deve primeiro habitar no lugar onde ela se concretiza dia após dia — na presença viva de Deus, onde tudo começou, e onde tudo continua a ser restaurado.